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A normalidade enlouquece, a realidade desfalece e o umbigo agradece


Há 3 dias atrás, bem no meio da votação pra criminalização da homofobia, minha filha por tel me avisa que um colega de escola tentou se matar. Era homossexual e apanhava do pai. Ela tava na missão de tentar ajudá-lo e conversamos pra ver como poderíamos contribuir. Pedi que ela reconhecesse quem eram os meninos mais sensíveis a causa, pois entendi que a aprovação masculina dessa escolha era um ponto importante praquele enredo que envolvia um adolescente de 15 anos. Me alterno entre a preguiça das redes sociais e a necessidade intempestiva de não me calar perante essa bizarrice toda que se propaga no silêncio. Luto com minha arte pois acredito mais nela do que na revolução do sofá atrás da tela. Encarar o machismo e o racismo estrutural tem sido difícil, pois é uma luta muito mais particular que coletiva no meu entendimento. Acabei assistindo a cena do Extra gulamento no supermercado da Barra e passei mal. O efeito elitista e imbecilizador de um suposto Brasil Comunista Mamadeira de piroca/kit gay e a educação por memes de zap empoderou uma mentalidade que descarta qualquer tipo de relação com a realidade. "Se é negro, pode querer me assaltar e se é gay é porque não tem vergonha na cara". Mundos paralelos foram criados e agora é tarde pra chorar. Toda essa catástrofe que também envolve a perversidade com a qual o novo governo miliciano trapalhão alcançou o poder democraticamente, não chega na narrativa de quem foi contaminado pelo vírus do Antipetismo agudo. Cada vez que vejo alguém feliz dizendo que agora sim a economia ta melhorando(o que é irreal tb), penso em Brumadinho, o grande símbolo do quanto Vale a corrida pelo lucro. Perdemos a relação com a realidade e nessa todos nós ficamos mais sozinhos, entrincheirados em nossas crenças. Tratamos como loucos quem discorda do nosso ponto de vista. Essa é pra mim a maior ferida aberta que enfrentamos. Ando lendo Ariano Suassuna e isso tem me feito um bem danado. Seus pensamentos já inspiraram inclusive uma nova canção. Seja com flor, não podemos nos entregar. Essa tentativa de suicídio na escola por conta do preconceito enraizado, o racismo que extrangula e o lucro que cega passaram a fazer parte da mais nova velha triste normalidade. A diferença é que agora a verdade não tem valor algum. Não falo da minha, nem da sua, mas daquela que não dá pra fingir que não existe. Quer saber onde ela está, eu te falo: Bem ali na sua esquina, só esperando você passar.


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