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O Teatro do Sucesso, dos Vampiros e dos Desavisados


Certa vez ouvi um causo que em 2001 Paul McCartney foi ao show do Ivan Lins em Nova York e entrou na fila do camarim pra cumprimentá-lo. A produção não acreditou naquela cena e convidou o Beatle a furar a fila. Paul se recusou e disse com simplicidade que aguardaria sua vez. Entendo que atitudes assim são de “Gente Grande”. Aliás, muitos artistas grandes que conheci são pessoas simples e de coração bom. Mas isso não é uma regra. Muitos roubam, desdenham, enganam e continuam se destacando e despertando a admiração dos fãs. Engraçado que o sucesso, por sua vez, não é uma questão pra quem sabe lidar com ele. O que pega é a necessidade de se provar que faz sucesso. Aliás, o conceito de sucesso é muito particular e ele vem de dentro pra fora e não de fora pra dentro. O reconhecimento está ligado à singularidade com a qual a pessoa exerce determinada função, e a partir desse raciocínio ela passa a ser reconhecida. Essa lógica se inverteu e com ascensão do efeito Big Brother, o foco virou aparecer a qualquer custo pra depois pensar na realização, caso seja necessário realizar algo. Lembro do dia que almocei com uma atriz “global” no Baixo Gávea e ela contou que estava ouvindo muitas reclamações por ter virado outra pessoa depois da fama e soltou: “Como é que eu vou ser a mesma com os outros se todo mundo mudou comigo?”. Achei interessante essa sentença e logo pensei na complexidade da questão que encaramos, o personagem acaba se confundindo com a pessoa. Mas não custa lembrar que o ser humano vai e a obra fica. O mesmo público que te levanta é o que mais quer te derrubar, e assim a distância também vira um escudo. Só que tem um detalhe nesse processo que é revelador: é a vaia que consagra o artista.


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